CHOVE EM SETEMBRO

Vi o fim

O fim que vi fitava-me com olhos amendoados através da janela

E havia lagrimas

Não foi veloz

Oh por que para mim nunca parece acabar rápido?

Sem misericórdia no ultimo ato

Lenta dissolução

Eu vi o fim

Um final presente com gosto de cinzas

Um ar pretérito em nosso ambiente

Palavras desnecessárias nasciam e morriam em minha boca

Não as proferi

Eu vi o fim

Na cálida manhã cor de chumbo do sul

Chuva mansa sobre a cidade pacata

Entre nos desvanecia o amor

Eu vi o fim

Com gestos afetados e curtos

Rosto endurecido acenei do alpendre

Vi o carro afastando-se num rodar macio

Vagaroso

Na janela ainda os olhos

Ainda as lagrimas

Um curto e frágil gesto de adeus

Sob o céu chuvoso de um setembro morto

Eu vi o fim.