Do amor perdido

Sabe aqueles dias que você pensa que está morrendo?

Mas não se desespera...

Porque isso te faria o maior bem possível.

E tudo e tudo é nada, e nada é completo, e tudo é errado...

O pior é sentir seus erros corrompendo o divino...

Aquela dor corroendo por dentro.

Por que teve que ser assim?

Eu quero deitar com a paz de espírito dos que amam...

Mas não quero me apaixonar de novo.

Isso que eu sinto, e o que eu ainda vou sentir...

Forram a alma de trevas, o corpo de chagas.

Ando sempre precisando de um drinque, de fumaça...

De sumir.

E não é culpa do amor, é culpa de quem ama...

Eu amava tanto a gente, que ainda hoje sofro o mesmo.

O pior de estar sozinho de novo... é não saber o que fazer com o amor que ainda tenho

Enterrar? Matar?

Sofrê-lo?

Vou me acalmar, que eu sei que o vento leva...

Que eu sei que o tempo passa...

Mas enquanto passa o tempo, não queria viver.

Preciso do torpor que nenhuma bebida me dará...

Sei lá, quero esquecer lembrando, vai ver que é isso que faz doer tanto assim.

Eu lembro que amava...

E não esqueço ainda.

Mas a culpa não é sua.

Quem sabe em outra vida, há de ser belo o tempo todo?

Mas deixemos isso de lado, que meu coração dói de tanto aperto.

A vida está aí, nunca boa, mas está...

E eu sigo, cambaleando, torto, medroso...

Mas sigo, isso há de ser bom?

O tempo dirá...

O que só eu sei, é o que sofro ao deitar a cabeça ao travesseiro.

É mais forte que o dia inteiro, e mais intenso que minha mais cruel madrugada...

Mas há de findar, há...

E não há nada que eu anseie mais.

Hoje, eu estou de “por favor” ao universo.

Tudo lembra “nós”, e “nós” está me matando.

Daniel Sena Pires – Do amor perdido (10/09/12)