Destino.


Preciso de um canto, um recanto,
Para desaguar o meu pranto,
Fugir do destino que me acossa,
Que lança suas mãos vigorosas
Ao meu encontro.

É um rosnar raivoso, rouco,
Um sussurrar suave, sereno,
Atirando sobre mim o veneno
De um destino que temo,
Sou um refugiado do tempo.

Sim, do tempo de agora e do porvir,
Que promete meu ruir,
Por isso quero um canto, um recanto,
Onde possa desaguar-me em prantos,
Entre lágrimas e lágrimas, sorrir.

Ainda que um sorriso medroso,
Fugaz , passageiro e sem voz,
Para novamente encolher-me,
Sob o influxo desse destino valente,
Que não desiste de ser meu algoz.