NO MESMO LUGAR

Um sonho partido,
Um amor não vivido,
Um olhar cinzento,
Mirando o silente nada,
Um corpo cansado, recolhido,
Dentro do vestido,
Uma angústia infame,
Apropria-se do ser,
Aplica o seu ditame,
Provoca uma vontade multiplicada,
De enlouquecer,
De me encontrar ou me perder,
No sem rumo da estrada.
Por outro lado, a lucidez cicia,
Uma concreta poesia,
Controla a minha vontade,
Impede-me de voar...
De abrir com um brado a realidade.
E eu fico no mesmo lugar,
Voltada para o meu interior,
Solitário, sem cor.