A Tua Partida
O lampejo do trovão que retumba,
Rasga o céu negro e cinzento,
Dentro do mausoléu a sua tumba
É meu covil de tanto tormento!
O perfume da morte enegrecida,
Ainda instila seu nauseabundo olor,
Desde a sua jornada de partida,
Guardo em mim essa imensa dor,
Ainda me lembro do círio ardente
Alumiando toda sua face dolorosa,
Um silvo noturno que timidamente
Sussurrou-te uma prece chorosa!
Agora sinto meu espírito expandir,
Entre essa sua lápide coberta,
Neste inverno que estará por vir,
E minha mão senão já aperta!
Mas esta cripta será seu eterno lar
Onde as aranhas tecem suas teias
Nas fibras de um intenso laborar,
Sob o feixe débil das tuas candeias!
Quando partistes na hora diurna
Morreu-se toda a ventura
Esse amor de sobriedade soturna
A cova infame da sepultura!