A Tua Partida

O lampejo do trovão que retumba,

Rasga o céu negro e cinzento,

Dentro do mausoléu a sua tumba

É meu covil de tanto tormento!

O perfume da morte enegrecida,

Ainda instila seu nauseabundo olor,

Desde a sua jornada de partida,

Guardo em mim essa imensa dor,

Ainda me lembro do círio ardente

Alumiando toda sua face dolorosa,

Um silvo noturno que timidamente

Sussurrou-te uma prece chorosa!

Agora sinto meu espírito expandir,

Entre essa sua lápide coberta,

Neste inverno que estará por vir,

E minha mão senão já aperta!

Mas esta cripta será seu eterno lar

Onde as aranhas tecem suas teias

Nas fibras de um intenso laborar,

Sob o feixe débil das tuas candeias!

Quando partistes na hora diurna

Morreu-se toda a ventura

Esse amor de sobriedade soturna

A cova infame da sepultura!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 24/08/2012
Código do texto: T3846157
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