Quimera
Deleitam-se em me ver com os olhos tristonhos,
a alma enfadada,
os ombros caídos,
os sonhos esquecidos,
a languidez que é minha...
Debocham em tabernas com suas gargalhadas
e os pensamentos dizem da minha desgraça
num particular mórbido tão incontido,
cheio de asinha.
E são eloquentes em suas críticas,
absorvem mágoas e rancores,
chamam-me pervertido
e não perdoam os meus erros,
mas oram o Pai Nosso,
devotando assim o seus julgamentos a eles mesmos.
Que a Justiça Divina lhes faça Justiça
porque os meus frutos sânies colho eu
com lágrimas de um pranto dorido
que não suporto mais este leneu.
E peço graça...
Um dia hei de me sentar a mesa,
entre as frestas da cortina ver o plenilúnio,
meu amor sorrindo para mim
e as lágrimas escorrerem de felicidade,
enquanto a luz bruxuleante das velas
mostram o rótulo:
Las perdices.
20/07/2012 14h03