Um esquecido boa noite...

Mais uma noite cai no funil da meia-noite,

um outro dia que se vai sem uma despedida,

sorry, dizer boa noite ficou demodê!

o sono, o tempo, a internet, o sinal do celular,

nada mais permite um simples boa noite,

e assim vamos nos tornando estranhos vizinhos,

compartilhando encenações de tristes estações primaveris,

ainda lembro quando você era minha little girl,

quando me ligava para trocar duas palavras,

para dizer "boa noite" e se desse tempo "eu te amo",

desculpe mas isso não acontece mais nem em deja vú,

e seguimos assim tolhidos pelos segundos, minutos, horas,

encolhidos na indiferença que o passar do dia vai embalando,

engolidos por essa angústia solitária da modernidade,

flanamos pela vida como estrangeiros de nós mesmos,

nos tornamos território desconhecido de nossos sentimentos,

perdidos no esquecimento daqueles significados que nos davam alento,

assoviamos uma canção para manter as mente ocupada,

tentando aliviar o peso do coração amaldiçoado,

preocupados com o vazio de palavras e sentidos,

e quando o dia cai nos deitamos como pedras lançadas ao mar,

sem um "boa noite", nos abandonando no abandono do outro,

não há mais tempo, não há mais tecnologia, só há silêncio,

esperando outro dia mecânico sem maiores contatos...