Bem Profundo...
Esta viagem ao universo infeliz,
Deserto em profundíssima solidão,
Foi à miséria que eu sempre quis
Se esculpindo nas ondas de aflição!
Eu nunca me senti só,
Tão miseravelmente decadente,
Seco como este pó,
Levado pelo vento ao Oriente
Encha toda essa sina
Guie-me pelo deserto até o fim
Sopre ao peito a ruína,
Em minha pálida face de carmesim
E nas pálpebras macilentas
Abaixo me levará a tempestade
Em suas nuvens cinzentas
Derramando toda sua iniqüidade!
Apanho em tormento e dor
Ajoelhado ao mar enlouquecido
Pelo contraste o meu rubor,
Desfaleceu no peito empalidecido?
Mais para baixo, além pelo fundo
No coração a pressão assim crescente
Arrasta-me para o abismo profundo
Onde a luz maldita se desfaz dormente
Não sei se abertos ou fechados,
Meus olhos estão agora,
Lábios secos parecem cerrados
A longa angustia me apavora!
Sinto o corpo entorpecendo
A força humana nos dedos exaurir
Pouco a pouco desfalecendo,
Hora trágica deste funéreo partir!
Vou sendo erguido e sequer adiante
Deus impeça que a dor cresça,
A débil imagem em auréola radiante
Leve o espírito antes que adoeça!