Bem Profundo...

Esta viagem ao universo infeliz,

Deserto em profundíssima solidão,

Foi à miséria que eu sempre quis

Se esculpindo nas ondas de aflição!

Eu nunca me senti só,

Tão miseravelmente decadente,

Seco como este pó,

Levado pelo vento ao Oriente

Encha toda essa sina

Guie-me pelo deserto até o fim

Sopre ao peito a ruína,

Em minha pálida face de carmesim

E nas pálpebras macilentas

Abaixo me levará a tempestade

Em suas nuvens cinzentas

Derramando toda sua iniqüidade!

Apanho em tormento e dor

Ajoelhado ao mar enlouquecido

Pelo contraste o meu rubor,

Desfaleceu no peito empalidecido?

Mais para baixo, além pelo fundo

No coração a pressão assim crescente

Arrasta-me para o abismo profundo

Onde a luz maldita se desfaz dormente

Não sei se abertos ou fechados,

Meus olhos estão agora,

Lábios secos parecem cerrados

A longa angustia me apavora!

Sinto o corpo entorpecendo

A força humana nos dedos exaurir

Pouco a pouco desfalecendo,

Hora trágica deste funéreo partir!

Vou sendo erguido e sequer adiante

Deus impeça que a dor cresça,

A débil imagem em auréola radiante

Leve o espírito antes que adoeça!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 20/08/2012
Código do texto: T3839072
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