O cão.
O cão.
Apenas um cão.
Na calçada, todos
Ignoram, invisível.
Um cão
que foi largado abandonado;
atravessando ruas
sem ciência do perigo.
...Apenas buscando abrigo,
o carinho perdido, um amigo.
Mendigo.
Farejando,
inocente
com olhos suplicante
te pedindo atenção.
Há! Vida de cão,
pobre de mim, sem raça, sem predique.
Fome e sede: a não ser um resto de pão,
comida no lixo, no chão,
água da chuva, suja, de qualquer lugar
onde puder achar.
As vezes um menino bom,
que sorrir, oferecendo as suas mãos,
inocente como ele,
um pouco de atenção.
Não sabendo discernir
o bem e o mal
procura ainda pelo dono,
mas não sente o desprezo,
nem o desrespeito,
não leva desamor
nem desilusão
nem a raiva no coração;
o que quer é só amor,
dá amor,
um amigo fiel e verdadeiro...
Mesmo machucado, desprezado,
presta-lhe atenção,
para um aceno, um gesto de amizade,
um carinho.
...Espera se preciso
pelo resto da sua vida,
um acolhimento,
um lar e um coração
amoroso para lhe dar atenção.
Um amigo para sempre...
Cláudio Domingos Borges.