Catalepsia
Fios negros caiam em anéis delicados em direção á sua cintura, a pele transluzia sob a luz pálida das tremeluzentes velas. O peito comprimido num vagaroso pesar e as pálpebras cerradas aos poucos se abriam. Cílios espessos descortinavam olhos cor de âmbar, havia um mundo de coisas não ditas naqueles olhos vazios. Os dedos finos se fechavam contra as pétalas do seu leito.
Uma ave da noite canta languidamente em algum lugar na escuridão.
Um nó se forma em sua garganta, os lábios cor de carmim se separam. Nenhum som pronuncia, mas tudo se ouve. Um ponto escarlate em seu alvo vestido. A madrugada observa.
Vozes e passos, movimento.
Imerso em breu total, seu corpo é baixado para o silêncio. Um, dois, três punhados de terra.
Um último sopro de ar penetra em seus débeis pulmões. Suas unhas cravam seu confinamento. Em seu jazigo um choro eterno descansa.