PRATO 1

O grito do desesperado do passarinho

Que até hoje não consegui descobrir o nome

Invadiu sobremaneira a minha casa

Que em menos de um segundo eu estava lá.

Priscila naquele latido ensurdecedor

Já despertava o bairro tão visível o alvoroço.

Eliana com pau e pedras nas mãos

Tentava alcançar o Faustino

Que entre assustado e devorador

Ia soltando as penas infantis

Num degustar orquestrado.

A mãe daquele prato saboroso e fresco

Voando estonteada pra lá e pra cá.

Em lágrimas tal qual de qualquer mulher

Mostrava-nos que o amor inda é luz desconhecida.

Eliana como se ali houvera um filho

Chorava com a mão no rosto e esbravejava o Faustino.

A enlutada mãe do morto inconformada pedia ajuda

Como se o filho em algum lugar estivesse vivo.

Nuca eu tinha visto na minha vida

Gato apanhar tanto

Quanto o Faustino tão logo apareceu.

Mas questão de horas o Faustino estava na cozinha -

Pedia comida com a maior cara de pau.

Pensei naquele instante em muitos homens

Que como o Faustino: roubam matam e diz que é fome.

Porém quando estão soltos repetem o feito.

São animais que usam mal os sobrenomes.