NA ESTÉPE DE PRATA
Gritei na noite do mundo
Meu sangue manchando o chão da pradaria
Não há mais caminho pra mim
Senti a solidão da jaula
O efêmero contato com o mundo
Rugi...
Chorei...
Cansei
Sonhei com a fuga perfeita
Espetaculares cavalgadas nas estepes de prata do luar
Só os lobos uivando em minha passagem
Fiquei só...
Eu quis os tesouros que a vida me deve
Exigi valores e recompensas...
Não recebi
Eu casei nas negras florestas da alma
Matei monstros...
Estripei demônios...
Decapitei dragões...
Não foi o bastante
Nunca é o bastante...
Eu busquei conforto em velhas garrafas
Conselhos do vinho a soar em meus ouvidos
Vozes etílicas contando parábolas
Não tirei lições dali
Eu escalei as mais lúgubres montanhas desta terra
Perscrutei horizontes que ninguém mais quer ver
Gritei blasfêmias La do alto
Ninguém me ouviu...
Exausto demais agora...
Hoje... só chagas e cansaço
Só dor...
Parado a beira do caminho
Sangrando...
Apenas sangrando
Na estepe de prata do luar.