Morte anunciada

Morrer secretamente.

Silenciosamente.

De forma frígida e sem dor

O corpo guarda a obturação

do destino

As amálgamas de prata ou de medo

Encobrindo o espasmo da vida.

O fôlego.

Estou aprendendo a morrer

Como se tivesse vivido

Passo as folhas do álbum

da memória

E as imagens parecem rotas

Ou inverídicas.

Quem é aquela que vejo?

De quem é o semblante triste?

Os olhos que não sorriem

E plasmados contemplam o horizonte

Como se fosse o abismo...

Morrer assim secretamente

Por entre florestas virgens

Por entre metáforas indecifráveis

Por entre os últimos fonemas

De dor ou melancolia

Morrer no passadiço da escada

Entre um degrau e outro...

Morrer no alto da torre

A esperar a simbólica redenção

Morrer, silenciar

E cair horizontalmente no berço

Das emoções esquecidas ou

sufocadas por culpa ou vergonha.

Depois de minha morte.

Afinal, a missa...

O silêncio ritual das preces

Sob olhares dos sobreviventes

A nau emborcada da igreja,

o átrio e a claraboia

conspiram avaliando meu pleito.

E, afinal a despedida dita

em coro: amém .

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/08/2012
Código do texto: T3816357
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