Cada encontro

Cada encontro tem sido uma despedida

Silêncio e saudade mais presentes que abraços

Distantes, para evitar confronto e ferida

Em meio a tardes sem cor e noites sem traços

Trouxe um ramalhete que deveria ser posto em água

Mas foi o mesmo que ordenar para que lançassem ao fogo

Em poucos instantes o afeto é substituído por mágoa

E a estratégia, antes criticada, vira a principal regra do jogo

Cada encontro tem parecido uma armadilha

Quem acabará por provocar o próximo dissabor?

Você permanece irada e eu permaneço ilha

Trocando parcos banquetes por jantares sem sabor

A cada encontro o coração está na mira

Alvos frágeis feitos de carga explosiva

Você permanece ilhada e eu permaneço ira

A ansiedade ácida e a angústia corrosiva

Afago em fuga, seguindo para longe

Enquanto afiada adaga me penetra o peito

errado quando louco ou quando monge

errado quando humano ou quando perfeito

Tentando nutrir-se de rara calma desvairada

Enquanto a paz permanece pálida e perdida

Aguardando cada encontro com esperança renovada

Mas cada encontro tem sido uma despedida

Enfrentava demônios e me sentia livre em seus domínios

Mas talvez fosse melhor que eu tivesse me dominado

Nós sabemos o quanto é precioso o amor e seus desígnios

Mas você pensa que só teu coração é um campo minado....