Juventude decadente

O amargo gosto da tristeza;

esses dias em minha boca pousou,

e como um tolo supersticioso,

senti medo.

minhas inquietações são internas;

uma dor de dentro para dentro;

e ás vezes eu me reencontro

com essas antigas quimeras;

companheiras de longa data;

sinto suas patas se movendo;

e esse sofrimento vai crescendo;

tomando proporções inexatas!

templos e catedrais em coral;

recitam notas musicais dentro de mim;

e essa dor não tem um fim?

seria a densa sócratica moral?

vão se remexendo em meu ventre

livros velhos e rabiscados;

e os cistos,e os cortes e os calos

fazem de mim um jovem decadente!

ainda hei de parir toda essa sereneta;

mas enquanto o doutor não chega;

em mim ficará essa placenta;

gestando toda minha chaga!

Luiz Felipe Dellosso
Enviado por Luiz Felipe Dellosso em 05/08/2012
Reeditado em 05/08/2012
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