Vampiro de almas
Há muito tempo vaguei solitário,
como um vampiro de almas sempre à caça,
espreitei minhas presas e as envolvi,
me lancei ao mar das paixões sem limites,
me entreguei ao sentimento da conquista,
e quando o sabor adocicado esmaecia ia embora,
buscava outro fruto que pudesse me saciar,
andei entre as trevas e alguns raios de luz,
estraguei sensações com meu silêncio,
magoei corações com minhas mentiras,
fui tudo que jamais imaginaria no espelho,
saltei de prédios em alturas incomensuráveis,
apenas pelo prazer da adrenalina no sangue,
o coração batendo mais rápido que o de um maratonista,
necessitava ter a brisa no rosto todo o tempo,
viciado que estava em amar e ser amado,
mesmo que tudo não passasse de uma dramatização,
peças de Shakespeare encenadas num teatro sem público,
e então você apareceu e me estendeu a mão sem medo,
ficou quando ninguém jamais ficaria ao ver meu rosto,
não sentiu repulsa ou desconfiança por minhas atitudes,
apenas resolveu que valia à pena me conhecer,
me deu a chance que eu mesmo não me daria,
me viu para além dos estereótipos e julgamentos,
escutou o que havia dentro de mim com todo o ruído externo,
enfrentou tempestades e mares revoltos sem desistir,
em suas mãos me tornei uma fera domada,
uma besta calada e dócil ao seu lado,
e agora que você está distante sinto o temor em mim,
receio de voltar a ser o infiel de mim mesmo...