SE EU PUDESSE

Se eu pudesse gritava tão alto que anularia o eco

A esta altura, desta angustia sem nexo

E reteria no espelho o velho reflexo

Sugaria da vida apenas o necta suave da essência livre de hábitos.

Voltaria o tempo e a estrada certa eu percorreria

Saberia onde estão todas as pedras,

E todas as fontes de refrigério

Que fariam parte apenas do Belo

E não me assustaria a existência do horror

Cuja força só serviria para realçar o amor.

Conheceria todas as armadilhas

Eu saberia te amar de forma tão bela que dispensaria

As palavras Te amo que já estão sem valia.

E pouparia dos eventos muitas de nossas agonias

Eu seria eu ; você seria você

E a eternidade não seria um desejo futuro...

Simplesmente seria cada minuto.

Porque a dúvida e esse terrível medo não existiriam.

Que bom, e flexível que é a poesia

Acolhe sem medos ou pudor, o louvor e a heresia

É fuga dos perdidos de si, ou de amores perdidos

Cirandando em palavras o poeta o e sua valsa

Desbrava dos mundos da alma suspiros, êxtases e gemidos

E não raro, só ele consegue não alimentar o Eco com tantos gritos