J A N U Á R I A
Januária,
Moça pobre e caprichosa
Com a mãe já bem idosa
Morando numa fazenda
Januária,
Que tinha os cabelos compridos
E os olhos bem escondidos
De tão pequeninos que eram
De noite
Ficava fazendo crochê
Depois que tomava o café
Para depois ir dormir
De manhã
Acordava logo cedinho
Deixava tudo prontinho
Para depois ir tomar sol
Passeava
Olhando as belas paisagens
Passando por entre as folhagens
Enquanto a mãe descansava
Ao longe,
Naquela imensa fazenda
O gado, a velha moenda
E os homens cortando cana
Fortes,
Os homens ali trabalhavam
Até pouco tempo ajudavam
O seu falecido pai
Hoje
Comanda ali o progresso
Todos trabalham com sucesso
Na fazenda de Januária
O tempo
Parecia estar sem correr
E Januária sempre a viver
Naquele mundo bonito
Certo dia
Januária ali conheceu
Um rapaz que apareceu
Procurando qualquer emprego
Januária,
Pelo rapaz logo gamou
Mas sua mãe se apavorou
Quando soube do namoro
Então,
Surgiu logo grande complicação
Pois Januária sentiu no coração
Aquele primeiro amor
Logo,
Ficou tudo decidido
O rapaz foi despedido
E Januária não mais saiu
Uma noite
Januária recebeu um bilhete
Dizendo que aquele flerte
Deveria continuar
Tal bilhete
Foi um rapaz escolhido
Pelo seu amor querido
Com o fim de lhe entregar
Logo,
Seu coração palpitou
E o corpo tremulou
Quando pensou em fugir
Fugir...
Pra viver em que lugar?
Como ela iria amar
Um rapaz desempregado?
Fugiu
Só por uma tentativa
Pois viver como cativa
Não iria suportar
Sabia
Onde o rapaz estava à esperar
Como louca foi encontrar
O amor de sua vida
Enfim
Ele estava ao seu lado
Tudo estava acabado
Ou então quase tudo
Januária
Ficou meia aturdida
Pensando naquela fugida
E no que iria dar
O rapaz
A Januária comunicou
Que um emprego arrumou
E iriam viver sossegados
Sua mãe
Da fuga ficou sabendo
Os homens saíram correndo
Para buscar Januária
Encurralados,
Na beira do rio pararam
Os homens logo notaram
Que estavam naquele lugar
Fugir
Era quase uma certeza
Só não viram a correnteza
E ao longe a catarata
Pavor
Nos olhos de ambos apareceu
Um dos homens logo correu
E os dois foi salvar
Tarde!
Muito tarde para salvar
Os três corpos foram saltar
Do alto da catarata
Gritos,
Choros e lamentações
Saldo das complicações
Do romance de Januária
Voltaram
Tristes para a fazenda
Alguém isso aprenda
Amor não se destrói.