Amante do Infortuno
Lá vou eu em mais uma viagem de pelejanão sei se por minha própria alma
Ou por um amigo em dor que me espreita...
Deito-me mais uma vez nos braços do abandono
sigo a corrente deste rio atraente e poderoso
sem medo de me afogar, sem medo do que poderei encontrar
Pois o que anseio mesmo é chegar...
Mais uma vez a estrada de pedra
O coração congelado e a alma descoberta
Lá vou eu ao encontro com os fantasmas de minha infância
Espectros belos, donzelas chorosas que se escondiam embaixo de minha cama...
Vou de encontro a tão citada em meus versos
A bruxa de olhos verdes...A famigerada cigana
Que me roubou dos amores encantados
E me fez despertar paixão para ser cruel com quem pensa que ama...
Estou sem bagagem sem alma e sem coragem...
Não tenho nomes, não tenho nação
O que tenho na mente é apenas uma fogueira
Onde em brasas vermelhas queima meu perverso coração...
Novamente toca-me a noiva de pele azulada e cabelos de sol
Mais uma vez na pele do verdugo e não existe nem uma sombra que me esconda
O calor no peito que me revelava encantos do desejo
Hoje é o peito gelado que me mostra vil senhor desmascarado...
Quem sou eu e para onde vou?
Eu que já fui raios e estrelas
Já fui felicidade e lagrimas
Eu que já fui todos e tudo nesta longa estrada
me pergunto...
Como pude ser este perverso amante do infortuno?