Adeus meu Amor, adeus.
Não tenho com quem falar, meu amor embora.
Vão embora os sonhos que sonhei em vão e ainda assim ele fica aqui
na fisionomia triste do bem maior que conquistamos.
Meu amor vai embora e meu peito em chamas silencia e chora
o mesmo choro chorado em tantas manhãs
Deixo partir meu amor, me parto, me rasgo ao meio, minha metade
sem freio, sem cuidados, sem trato se mistura a dele, festeira, saudosa
e agora a porta bate e eu o vejo pelas costas e ele não vê ainda.
Eu queria outra vida, para amá-lo, mas vai e parte e eu fico com a prece
desajeitada, tacanha, afiada nas feridas, dessa vida que eu pensei que era duas
mas só eu choro, mas só eu grito, mas só eu fico
e agora a dor parece plantar uma semente de poesia
mas é espinho que me faz sangrar, sem que ninguém veja
a boca vazia dos beijos, o corpo carente de toque
Fica tudo fora de órbita, objetos fora do lugar, frascos de perfumes esquecidos
o dito pelo não dito, a mágoa a me apertar.
Meu amor vai embora e eu não tenho outro ombro onde chorar
me aquece o cobertor frio, de imensa história de quando ainda cobria
uma menina, mas o seu cheiro insiste em ficar e quero outra razão que me dê vida
mas o meu amor vai embora e eu fico só nas horas que te levam,
nas horas que se apressam em me matar.
Cristhina Rangel.