Melancolia

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Sem que eu pedisse, ela veio.

Sufocou-me à vida rasgando em feridas...

Ela veio aguçada e colada,

E se fez a mais cruel companheira Melancolia

Ela veio sorrateira invadindo,

Meus passos, meus rastros.

Sem que eu a desejasse, ela veio.

Corroendo e sugando como um calafrio.

Ela veio lenta e contínua,

Tragando meus sonhos, levando meus dias a fio.

Sem que eu permitisse, ela veio.

Arremessando um peito sonhador, deixando no vazio.

Ela veio retratando,

Um viver tardio de horas alegres tão raras.

E foi registrando as marcas, ela veio.

Fez-me esquecer do riso, afundou Minh’alma tão fria.

Ela veio inconseqüente,

Torturando e marcando a escala maior.

Demarcando à tristeza sem par, ela veio.

Dilacerando a vida e tentativa de um aprendiz.

Ela veio sem misericórdia,

Marcando a folhinha sem falhar um dia.

Supliquei distância da tal sintonia; mas, ela veio.

Versar em dilema, tendo em companhia à “Melancolia”.

Maria Goretti Albuquerque.