PENUMBRA
Condenado a uma eterna clausura,
Meu coração desesperado adapta-se à penumbra.
Minha desarticulada dicção desatina em soluços.
Desorientado, padeço num flash reacionário.
Sinto-me um invólucro descartável.
Não elevo minha corrente em sofridas preces.
Meu destino está empenhorado no nada.
Sou absoluto em divagações infrutíferas
Que perpetuam o desamor em carentes corações.
Eu sou o erro, vazio, taciturno e sinuoso.
Repito-me frente a momentos inovadores.
Flerto com o ateísmo, mas sou puxado pelo dogmatismo.
Firmo presença tentando ignorar todas as crenças.
Aceno as mãos e desafio qualquer manifestação.
Uma rajada de vento frio invade o muquifo,
Um vulto, quem sabe uma entidade, faz medo.
O dragão enfurecido cuspe uma bola de fogo,
Um tubarão gigante com apetite vem jantar-me.
Pegajoso, o tapuru, unido com o mandarová, atacam.
Cubro-me com um patuá com prazo de validade vencida.
Acordo atônito, olho de lado assustado, trêmulo.
Faz claro, mas ainda assim, só vejo penumbra...