JOÃO HÉLIO
Tua morte marcou o asfalto
da Cidade Maravilhosa,
e já se vê no calendário
a sombra do Carnaval.
Favela e elite
vão se unir na mesma dança
e a tua lembrança
vai se esconder
em poucas memórias.
É sempre assim.
A Eucaristia é a memória
do Sacrifício de Cristo.
Em cada missa, lembramos
do inocente que morreu por nós,
em nosso lugar.
João Hélio, morreste
por nossa culpa,
em nosso lugar.
Tu não sabes
de nossa falta de compaixão,
de nossa cegueira seletiva,
de nossa omissão.
Investimos em presídios,
fabricamos monstros
com o nosso preconceito.
Concordamos em dividir o mundo
em grupos que não se vêem.
Perdemos a capacidade de se indignar
com a fome, com a doença,
com a miséria de outrem.
Acreditamos que eleger
um político qualquer
é fazer alguma coisa.
Damos esmolas
e sorrimos por dentro,
crentes que isso é o suficiente.
Não é, João Hélio,
não é mesmo!
Estão santificados
o teu sangue
e a tua carne,
pois foste inocente
e morreste inocente,
indefeso,
tragado
pelas mãos de quem perdeu
todo o senso de compaixão.
Esses que te mataram,
fomos nós que parimos,
com nosso conformismo,
com o pecado
de nossa hipocrisia.
Gritamos que eles são monstros,
mas o que somos nós
quando arrastamos para a miséria
um naco imenso da população?
Bato no peito e confesso
que morreste em meu lugar,
no lugar de meus filhos.
E peço a Deus
que nenhum outro menino
tenha a carne e o sangue derramados
no asfalto
da Cidade Maravilhosa,
de qualquer cidade do mundo,
para que nos lembremos
de nosso pecado,
de nossa omissão.
Matamos Deus!
E matando Deus,
matamos o próximo.
Alguém disse:
se Deus morreu, tudo é permitido!
Perdoa a nossa permissividade!
Perdoa o nosso relativismo!
Com o teu sangue marcamos
a porta do nossos corações,
para não esquecermos
que também somos culpados
pela tua morte.
Deus te guarde, João Hélio!
E guarde o coração de teus pais,
tão vítimas quanto tu...
Tua morte marcou o asfalto
da Cidade Maravilhosa,
e já se vê no calendário
a sombra do Carnaval.
Favela e elite
vão se unir na mesma dança
e a tua lembrança
vai se esconder
em poucas memórias.
É sempre assim.
A Eucaristia é a memória
do Sacrifício de Cristo.
Em cada missa, lembramos
do inocente que morreu por nós,
em nosso lugar.
João Hélio, morreste
por nossa culpa,
em nosso lugar.
Tu não sabes
de nossa falta de compaixão,
de nossa cegueira seletiva,
de nossa omissão.
Investimos em presídios,
fabricamos monstros
com o nosso preconceito.
Concordamos em dividir o mundo
em grupos que não se vêem.
Perdemos a capacidade de se indignar
com a fome, com a doença,
com a miséria de outrem.
Acreditamos que eleger
um político qualquer
é fazer alguma coisa.
Damos esmolas
e sorrimos por dentro,
crentes que isso é o suficiente.
Não é, João Hélio,
não é mesmo!
Estão santificados
o teu sangue
e a tua carne,
pois foste inocente
e morreste inocente,
indefeso,
tragado
pelas mãos de quem perdeu
todo o senso de compaixão.
Esses que te mataram,
fomos nós que parimos,
com nosso conformismo,
com o pecado
de nossa hipocrisia.
Gritamos que eles são monstros,
mas o que somos nós
quando arrastamos para a miséria
um naco imenso da população?
Bato no peito e confesso
que morreste em meu lugar,
no lugar de meus filhos.
E peço a Deus
que nenhum outro menino
tenha a carne e o sangue derramados
no asfalto
da Cidade Maravilhosa,
de qualquer cidade do mundo,
para que nos lembremos
de nosso pecado,
de nossa omissão.
Matamos Deus!
E matando Deus,
matamos o próximo.
Alguém disse:
se Deus morreu, tudo é permitido!
Perdoa a nossa permissividade!
Perdoa o nosso relativismo!
Com o teu sangue marcamos
a porta do nossos corações,
para não esquecermos
que também somos culpados
pela tua morte.
Deus te guarde, João Hélio!
E guarde o coração de teus pais,
tão vítimas quanto tu...