JÁ É TARDE...

É tarde, muito tarde para sonhar

Não apetece mais o sacrário que arde

Cuidado sacrossanto de jaguar

De pira ascendente que chama a morte

Ah, Deus sabe como é ágil

Sublime e casto cupido

Som de plectro tão frágil

Soberbo, profano, estúpido

Dir-se-ia o pranto de cocheira aberta

Do auge do grito de Zeus

Rebenta a rede e acoberta

A manada astuta de ateus

Por todas as feras e livres canhões

Ou todas as roletas russas do mundo

Esvaiu-se o sangue puro aos borbotões

Do cálido ventre lívido fecundo

Mente saltita em forma de assédio

Tarde mesmo, me lembro agora

Romper o dia lúgubre e patético

De mais uma triste e pálida aurora ...

***

08-07-12, Sorriso, MT

Inspirado no grande Castro Alves, livro Espumas Flutuantes.

LEIA O RONDEL:

PROFUNDAMENTE BELO

http://www.recantodasletras.com.br/rondel/3757159

Adam Poth
Enviado por Adam Poth em 09/07/2012
Reeditado em 09/07/2012
Código do texto: T3768070
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