Hoje...

hoje eu quero ficar íntima

do silêncio.

não!

eu quero SER o silêncio.

não tenho palavras de mentiras

o bolso da mentira

furou e tempo faz!

e ainda bem...!

pesava-me demais!

e se fosse eu falar

palavras que tenho a dizer

amores... amores...

saltariam janela afora!

que desperdício...

não quero.

veste tu a tua alegoria!

tu a bordaste!

agora arremates tu toda ela!

e eu não sou costureira

de remendos teus!

já costuro demais

remendinhos meus...

quero letrinha pequenina...

e falar muito baixinho....

responder só do que é meu

das minhas verdades de hoje

das mentiras minhas de outrora.

não sei respoder

do que não vivi eu.

letras pequeninas...

falo eu baixinho... baixinho...

não quero mesmo gritar.

o que eu queria mesmo

era GRITAR!

EM TODAS AS LETRAS!

GARRAFAIS E PALAVRÕES!

mas amo-te... amo-te...

que arranjes tu

um saco de sopro!

e sopres muito, muito!

Não sopres tu em minha loucura!

e não me espalhes!

difícil ajuntar-me no depois.

deixa-me aqui...

na minha chuva miudinha...

e eu estou hoje.

e eu sou hoje... o silêncio.

mas ficas tu a olhar o relógio...

e não abuses tu do meu tempo.

do meu mau tempo.

Karla Mello

04 de Julho de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 05/07/2012
Reeditado em 05/10/2017
Código do texto: T3761198
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