NOS Nº PARES
Nos números pares
Todas as coisas que quero sentir
Meus olhos as ferem no que vejo por aí
Ao passar em cada esquina que passo
Me faz ver que não precisamos de caridade
Rajadas são as palavras que tenho escutado
O que sobra é a falta de oportunidade
O 'menu' do meu cérebro está ensanguentado
Com tantos generosos homens covardes
Que só aparecem nos anos de números pares
Num fio de esperança do meu corpo anestesiado
De tudo que acontece lá no cerrado
Sempre com seus conjuntos de dados exemplares
Como o homem está sendo desvalorizado!
Amplo contemporâneo vazio, sem incentivo
Onde vivo, na noite acordado, cada ato é espetáculo
Falar de coisas ruins aqui, na verdade
Se tem no plural a palavra variedade
Dentro de maços de cigarro, esgotado
De garrafas de bebida, embriagado
Mães com o filho no colo, abandonado
O alvo atingido é de qualquer idade
Recém-nascido sem paternidade
Infância sorrindo cheio de cárie
Na maior idade sem identidade...
Paz para a cabeça dentro de um baseado
Para esquecer sua maliciosa seriedade
Defesa, é de uma arma na mão
Contra o descaso em exacerbação
Com palavras dignas de destruir uma nação
O brasão de um cidadão
E ferir o sagrado coração
André do A. Gomes.