Desde a Infância
Esperei-a desde antiga data,
Desde os dias da infância
Nos quais corríamos juntos;
Desde o tempo das noites
Que passávamos a recitar poesias;
Desde o tempo do nosso amor
Ainda que fosse um amor infantil.
Esperei-a cada dia,
A cada alvorada,
Em todo cair de tarde,
Toda vez que a noite chegava.
Esperei-a embebido em prantos,
Esperei-a almejando sorrir,
Esperei-a por vazias primaveras.
O meu amor vivia triste e aflito
Esperando-a. E quando os dias
Davam lugar à noite era maior a angústia.
O silêncio – minha companhia,
A dor – habitava comigo.
Esperei-a todos os segundos
De solitários anos.
Até que céu e terra se tocaram
E não ouvi uma palavra de consolo.
Áspera criatura conheci;
A espera foi toda em vão,
O amor também foi em vão.
Ao som de tristes melodias
Fui em busca do silêncio.