Mar do esquecimento


Nem sequer te lembras
Das tantas ondas
Que nos encobriram...
Ah, o sal de tantas lágrimas
Secou, caído nas pedras
Da tua insensatez
E o vento o levou...

Uma faixa cor-de-rosa
Sobre tudo, 
Sobre os motivos escusos
Sobre o desespero velado
Que  esconde
Teu medo da solidão,
Tão grande e tão absurdo,
Que faz com que te tornes,
Cada vez mais, 
Só!

O tempo chega, e vai entrando,
Não faz reverências,
Não manda recados
Nem pede permissão...
É este o teu medo,
E por ele, tu matas
E nada te resgata 
Da solidão!

Coleiras vazias
Presas nas correntes
Em tuas mãos...
Eram cães revoltados
Que não aguentaram
A tua proteção,
A tua pretensão!
E ao luar, tu uivas
Pelos que jamais voltarão!

Teu desespero é tanto,
E tão grande o teu medo,
Que sais por aí, às cegas,
Tropeçando nos jarros
Que guardam a água
Que beberias no futuro,
Entornas tuas esperanças
Espatifando-as contra o muro!

E em breve, teu maior medo,
Tua escuridão,
Em teu frio e isolado rochedo...

Não há voltas, quando alguém mergulha
De livre vontade
No Mar do Esquecimento!


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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 28/06/2012
Reeditado em 16/06/2020
Código do texto: T3749770
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