Mar do esquecimento
Nem sequer te lembras
Das tantas ondas
Que nos encobriram...
Ah, o sal de tantas lágrimas
Secou, caído nas pedras
Da tua insensatez
E o vento o levou...
Uma faixa cor-de-rosa
Sobre tudo,
Sobre os motivos escusos
Sobre o desespero velado
Que esconde
Teu medo da solidão,
Tão grande e tão absurdo,
Que faz com que te tornes,
Cada vez mais,
Só!
O tempo chega, e vai entrando,
Não faz reverências,
Não manda recados
Nem pede permissão...
É este o teu medo,
E por ele, tu matas
E nada te resgata
Da solidão!
Coleiras vazias
Presas nas correntes
Em tuas mãos...
Eram cães revoltados
Que não aguentaram
A tua proteção,
A tua pretensão!
E ao luar, tu uivas
Pelos que jamais voltarão!
Teu desespero é tanto,
E tão grande o teu medo,
Que sais por aí, às cegas,
Tropeçando nos jarros
Que guardam a água
Que beberias no futuro,
Entornas tuas esperanças
Espatifando-as contra o muro!
E em breve, teu maior medo,
Tua escuridão,
Em teu frio e isolado rochedo...
Não há voltas, quando alguém mergulha
De livre vontade
No Mar do Esquecimento!