Um Cão
Ao vir à casa, apático e absorto
A ponderar essas moções da vida
Vislumbro a minha essência resumida
Pelas carcaças de um cachorro morto
O podre odor que a carne desprendia
Comida pelas moscas varejeiras,
Zumbindo em suas óperas ligeiras,
Forçou-me a contemplár tal sinfonia.
Lembrei-me - como quem já fora um dia -
Outro cadáver, pútrido ao relento
Jazendo noutro solo poeirento
Servindo-se alimento à bicharia.
Depois, ao despertar dessa canção,
Seguindo em meu caminho solitário
Sorri do meu patético fadário
De que eu seria um dia aquele cão...