Pescador de Ilusões
Sentado a beira do abismo,
Pescando peixes da fartura,
Tão solitário às vezes cismo,
Que o sonho é levedura
Agora espero com paciência
Algum peixe morder a isca,
Vivendo com a feliz aparência
Desta tristeza que me risca
Aqui dentro já não me bate
O coração vivo e sorridente,
Qual peixe na rede se debate
Jaz morto de tão dormente
Leve-me ao remanso do cais,
Lá o cardume se debate calmo
Mas sou um pescador sem paz
Que cava a ilusão a cada palmo
Não mereço honra ou mérito
Pescar ao mar simples porções
Na existência sou um intrépido
Um pobre pescador de ilusões!