PECADO MEU

Um céu de inverno,

Frio e desvario,

A névoa branca e selvagem,

Atravessava densamente aquela deserta paisagem.

Sob meus olhos um ardor cálido,

Sob suas mãos um suor gelado,

E no pulsar da longa respiração ofegante,

A sombra na escuridão era o que nos acompanhava.

A tempestade deixou seu rastro sujo:

Água turva, medo raro,

Folhas desprendiam-se molhadas

Perdendo-se para longe e sem volta.

Olhei em seus olhos, atento!

Segurei suas mãos sem medo,

Levei seu cabelo até o alto,

E lhe dei na nuca um demorado beijo.

Da sua nuca senti um arrepio,

Consumindo meu corpo como nunca,

Sobre a grama deitamos juntos,

Desprovidos de qualquer doçura.

Ali éramos amantes,

Amantes de uma noite com lua cheia,

Amantes fulgurosos,

Amantes intensos.

Você tremeu,

Peguei seu braço à força;

O prazer me tomava por dentro,

Como um touro de fúria e louco.

Lágrimas escorreram de seus olhos,

Peguei no seu pescoço forte, sem dó nem piedade,

Um grito vacilante cruzou minha cabeça dizendo:

“Amor, você será minha até a morte”.

Sou um demente confuso,

Sem amor próprio, sem desventuras,

O que fazia?

Te faltava ar, me faltava amor, eu me senti sem vida.

O que estava fazendo?

O que?

Folhas vermelhas brotaram sobre minha mão,

Não sentia mais nada... Não sentia mais você.

Fechei meus olhos,

Respirei fundo e, sob a sombra avermelhada de uma árvore,

Vi uma forma demoníaca, sorrindo,

Divertindo-se com o que eu fazia.

Um filme passou pela minha cabeça,

Sem começo, meio ou fim.

Este pecado era meu, tenho certeza,

Pois manchou de sangue uma rosa pura e de delicadeza.

Um corpo sem asas flutuou na minha frente,

Sob sua boca um fio de luz saiu,

E entre choros e mágoas, percebi,

Que quem realmente amei nunca mais estaria ali.

Well Rianc
Enviado por Well Rianc em 22/06/2012
Código do texto: T3738873
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.