PECADO MEU
Um céu de inverno,
Frio e desvario,
A névoa branca e selvagem,
Atravessava densamente aquela deserta paisagem.
Sob meus olhos um ardor cálido,
Sob suas mãos um suor gelado,
E no pulsar da longa respiração ofegante,
A sombra na escuridão era o que nos acompanhava.
A tempestade deixou seu rastro sujo:
Água turva, medo raro,
Folhas desprendiam-se molhadas
Perdendo-se para longe e sem volta.
Olhei em seus olhos, atento!
Segurei suas mãos sem medo,
Levei seu cabelo até o alto,
E lhe dei na nuca um demorado beijo.
Da sua nuca senti um arrepio,
Consumindo meu corpo como nunca,
Sobre a grama deitamos juntos,
Desprovidos de qualquer doçura.
Ali éramos amantes,
Amantes de uma noite com lua cheia,
Amantes fulgurosos,
Amantes intensos.
Você tremeu,
Peguei seu braço à força;
O prazer me tomava por dentro,
Como um touro de fúria e louco.
Lágrimas escorreram de seus olhos,
Peguei no seu pescoço forte, sem dó nem piedade,
Um grito vacilante cruzou minha cabeça dizendo:
“Amor, você será minha até a morte”.
Sou um demente confuso,
Sem amor próprio, sem desventuras,
O que fazia?
Te faltava ar, me faltava amor, eu me senti sem vida.
O que estava fazendo?
O que?
Folhas vermelhas brotaram sobre minha mão,
Não sentia mais nada... Não sentia mais você.
Fechei meus olhos,
Respirei fundo e, sob a sombra avermelhada de uma árvore,
Vi uma forma demoníaca, sorrindo,
Divertindo-se com o que eu fazia.
Um filme passou pela minha cabeça,
Sem começo, meio ou fim.
Este pecado era meu, tenho certeza,
Pois manchou de sangue uma rosa pura e de delicadeza.
Um corpo sem asas flutuou na minha frente,
Sob sua boca um fio de luz saiu,
E entre choros e mágoas, percebi,
Que quem realmente amei nunca mais estaria ali.