Ao meu rei.

Engula teus mares, meu Rei.

Tuas tristezas são teu privilégio,

e tuas saudades pese junto com sua ingratidão.

Petrifique teu coração sobre estas coisas, meu Rei.

Sabe aquela chama de desespero?

Crave com os mesmos cravos de sangue,

cuspa o fel

e engula tudo isto como mel, meu Rei.

Proceda assim, e tire esta amargura do peito, meu Rei.

Ah meu Rei, não fique assim.

Teu trono está quebrado

e teu cetro, sem controle.

Teus servos te abandonaram,

sua fidelidade não foi valorizada,

e teus presentes rejeitados.

Tu estás sozinho, meu Rei.

Tu nunca estará sozinho, meu Rei.

Tuas lágrimas não te abandonam,

és alimentado com este pão,

o pão da dor.

Tua chegada não foi comemorada,

não escreveram em uma pedra seu nome

nem compuseram Salmos a ti,

meu Rei, não te envergonhes.

Você chegou em um cavalo dourado,

e seu trono era de marfim puro.

Seu cetro de gerações a fio,

e teu ouro era dezena de milhares.

Nasceste em berço aveludado,

e um comitê de Reis veio em seu parto.

Foi-te dada uma coroa de diamantes,

e tua vida prolongada.

Bebeste de água limpa, meu Rei.

Contrataste carpinteiros, e não foste um

teu trono era visível,

e tua glória foi agora, Rei meu.

Viste crucificação,

e os anjos te ajudaram na batalha,

guerreaste contra bestas e nações-povos,

ganhou todas, com mão poderosa.

Teu pai te amou,

teu pai te elevou,

não sofreste, Rei meu

teu cálice é doce.

Mas Ele, meu Rei

foi crucificado.

Rejeitado pelo próprio Pai,

e sua coroa foi de espinhos.

Sua capa de sangue,

e foi um homem de dores.

Seu trono é invisível,

e chegou num burrinho a Sua cidade.

Não reclamou, nem na pior dor

Rei meu, Ele não reclamou.

Chorou por tudo isto,

para que você estivesse.

Rei meu, quem és tu?

Terrível entre as nações amanhecidas?

Meu Rei, quem era Ele?

Homem de dores, rejeitado.

Ele é o Rei dos Reis

meu Rei.

Ele é o teu Rei,

e de toda existência.

Ele é o Rei dos Reis

dá o pão para a plebe,

pão de vida,

sem bolor e abatumamento.

Rei meu,

Seu trono é eterno,

o seu não,

humilhe-se e prostre-se.

Ele é o Rei dos Reis, Senhor dos Senhores

e assim procedeu.

Quem somos nós?

Ai de nós!

Ele é, tu não, meu Rei.

Choremos juntos, pela nossa ingratidão.

Do teu servo,

ao meu Rei.

[22/06/12]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 22/06/2012
Reeditado em 22/06/2012
Código do texto: T3738298
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