Triste felicidade
Essa felicidade que em mim nasce
Essa, que cresce, escapa e renasce
Desconheço sua espécie e sua forma
Como a água que não molha
Ou o olho que não olha
Ela que sai daqui, passa por ali
Volta para cá, sem nada mudar
Não cabe em nenhum lugar, não cabe
Cabe apenas em mim, apenas aqui
Nesse vazio, o qual chama de lar
É uma felicidade insana, surreal
É o boneco de neve no natal
O cão preso, com um osso, no quintal
Feliz, esbelta, fria e anormal
Felicidade que me entristece
E ainda assim minha mente esquece
Que a tristeza não é necessária
E me lança com toda sua ousadia
Nessa felicidade temporária
Felicidade ordinária
Felicidade solitária