Há um pouco de tristeza nesta vida
Os dias passam...
E só quero vivê-los sem lembrar qualquer existência.
Quero fugir de lembranças, poi elas machucam
De dores, pois elas me arrancam a alma... Inutilizam-me.
Da vida, pois sua lembrança machuca.
É ferida que se abre um pouco mais a cada pensamento.
Vou caminhando...
Abaixando minha cabeça para que o céu não seja meu limite...
Olhando meus pés para que eu não esbarre no quão fui falho...
E perceba que me perdi na vida;
Que nunca poderei reaver-me outra vez...
Que fiquei por aí e por isso preciso esquecer-me,
Pois dói saber que não sou nem estou completo de mim mesmo.
Não quero encher meus olhos dessa tristeza...
Não tenho que carregá-la cuidadosamente...
Respeitá-la como se fosse minha.
Tê-la ao peito abraçada é esfaquear a mim mesmo...
É guardar o punhal no meu coração.
Quero-a longe, mas para isso é preciso desviver...
Ah...! Serei sempre o que passou por aqui...
O que viu nada mais que alguns sóis e algumas luas
E ainda assim fez-se despercebido...
Até que não pôde ver mais nada e entristeceu-se...
E chorou por estar só...
E desejou que tudo voltasse para que então pudesse olhar uma última vez...
E chorou, pois estava escuro e o dia desaparecera...
Mas tudo já estava perdido em qualquer tempo...
Em qualquer lugar inalcançável para qualquer alma desesperada.
Sou o que esperou pela ajuda da casualidade
E ainda assim quis que tudo fosse e acontecesse perfeitamente!
Aquele que nunca quis erros, mas que sempre errou,
E nunca se preocupou em desculpar-se por tudo que fez.
Os dias foram passando...
E hoje, contabilizando, percebo o quanto fui me roubando da vida;
Hoje minha tristeza parece sofrida...
Meus olhos estão cansados de ver,
De registrar imagens...
Estarei sempre à beira da estrada...
Sentado como se estivesse esperando por alguém que nunca virá...
Estarei ouvindo alguém que nunca mais falará...
Chorarei por quem não poderá ouvir meu choro
E então, estarei só...
Estarei na caminhada eterna da tristeza que eu mesmo construí,
Pois em tudo que olho há um pouco de saudade...
Em tudo que toco há lembranças e mais lembranças...
Cada lágrima que derramo é uma recordação que me vem de repente.
Pesa-me viver esse dia...
Sinto um silêncio que me explode por dentro...
Um imenso vazio na minha alma...
Um nó na garganta que me impede de respirar um pouco de vida.