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Mulheres Afegãs

Elas varrem a poeira
Que se deita sobre as coisas
E que se gruda, em camadas,
Nas mobílias e vassouras.

A poeira sempre volta,
Vem nos ventos e sapatos,
Nas palavras e nos atos
Seculares, imutáveis...

Elas cortam as cebolas
Que provocam sempre o choro
Por aquilo que não foram
E jamais virão a ser.

Elas parem muitos filhos,
Elas calam e consentem
Já nem sabem o que sentem,
Não desejam, jamais brilham...

São dadas em casamento
A quem elas jamais amam,
A quem nunca há de amá-las
Com total indiferença...

Pois uma mulher não pensa,
Não opina, não contesta,
Com os olhos baixos, varrem
A poeira, após a festa.

Não conhecem a esperança,
Dormem sempre um sono leve
Que fará com que despertem
A qualquer sinal de sonho.

Não conhecem outra vida,
Todas são cópias exatas,
São mulheres xerocadas,
E em série produzidas.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/06/2012
Reeditado em 16/06/2012
Código do texto: T3725853
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