Ai quem me dera
Aqui estou eu sentado
sobre minha triste cama vazia
se arrasta a madrugada fria
e eu sigo acordado
aqui, eu sigo assombrado
pela turva imagem dela
pelo seu retrato pregado na janela
pela solidão desta cidade
onde me embriago de saudade
e minha sanidade se esfarela
Ai quem me dera
deixar de ser assim, tão tristonho
me livrar desse sentimento tão medonho
dessa embriaguez que me altera
e voltar a ser quem era
quem me dera, seu sorriso
tão semelhante ao paraiso
deixasse de ser o meu inferno
quem me dera, ao fim desse inverno
a primavera me devolvesse o riso