Burro velho
Burro velho do meu sertão,carregador das minhas dores,
e dos meus mantimentos.
Companheiro em todas as horas,
de tristezas e alegrias.
Das dores que tinha de paixão,
e até mesmo, das serenatas,
que fazia com meu violão.
Rumavas sem destino ao meu lado,
sem nunca criticar ou reclamar.
Às vezes num canto qualquer,
derramavas seu choro, de tristeza e solidão.
Enquanto eu, na minha ignorância doentia,
não era capaz de consolá-lo,
de demonstrar-lhe um gesto de apoio e carinho.
Agora que o perdi,
reconheço que ele tinha mais amor do que eu,
que dos animais, o irracional fui eu,
pois só pensei em mim.
Agora estou só,
com meu egoísmo,
enquanto ele repousa em paz,
e eu vivo atormentado.
( Esta poesia é uma obra de ficção )