TE ESTENDO A MÃO

Desilusão,

um olhar perdido,

na imensidão.

Ao estender a mão,

te pede um pão,

à fome matar.

Meu irmão,

não diga não,

deves ajudar.

Futuro incerto,

ninguém por perto,

como se salvar?

`

É um andarilho,

sem rumo e sem ninho,

cadê seu lugar?

Meu Deus que lamúria,

uma vida de injúrias,

isso pode mudar.

Fingir que não vê,

seja eu ou você,

como atuar?

É uma causa maior,

e o que é pior:

sou teu irmão.

Na verdade,

só falta ação,

no administrar.

Viver de migalhas,

ninguém consegue,

e isso pode viciar.

A vida sucumbe,

mudar o panorama,

necessário se faz.

Projetos absurdos,

em votação:

negligência no pensar.

Em Constituição,

Cadê os direitos:

Ser ou não ser cidadão?

Aprendi na História,

nem só de água e de pão,

sobrevive o irmão.

Trabalho digno...

ou moradia...

ninguém vai conquistar.

E assim vai a vida,

na história, perdida,

de se mendigar.

Também sou cidadão,

chamo à atenção,

quero mudar.

Use a Razão:

nas suas mãos,

meu lamentar.

Viver nas ruas,

pelo amor de Deus,

não vou suportar.

Aos governantes,

meu semblante,

venho mostrar.

Se assim o quiseres,

essa vida de misérias,

vou suplantar.

Posso produzir,

e se você agir,

só temos a ganhar.

Aqui, meu lamento,

sem dignidade e alento,

venho registrar.

Em suas mãos está entregue,

e por mais que se negue,

aqui venho cobrar.

Estamos atentos,

que soprem bons ventos,

podemos sonhar?

Uma vida melhor,

não sou pior,

você pode ajudar?

Meu triste pedido,

desiludido,

venho lembrar.

Faça valer,

e meu padecer,

queira enxergar.

Veja em meus olhos,

aqui imploro,

sou filho de Deus.

Nesse país tropical,

de tantos artistas,

quero meu lugar.

Ainda acredito,

e meu coração aflito,

aqui está.

Por favor,

socorra-me!

já não posso aguentar.

Sou um pobre pedinte,

das ruas, vivente,

que vem implorar.

Se você me ouviu,

certamente sentiu,

o coração apertar.

Em despedida,

a Deus agradeço,

e que Ele possa te abençoar.