Mãe, te escrevo antes de morrer
Mãe,
Ninguém entende o que está doendo em mim,
Ninguém compra meus delírios
Ninguém ajoelha rezando mentiras sem fim.
Mãe,
Ninguém diz a verdade
Ninguém é feito de pedra,
Ninguém quer outro pesadelo.
Mãe,
Ninguém sobe o morro da morte,
Ninguém fuma sentado com o diabo
Ninguém consome desenhos no almoço.
Mãe,
Ninguém vem comigo nesta viagem,
Ninguém destrói os planos da noite passada
Ninguém me adora em devoção.
Mãe,
Ninguém me enforca na gana de viver,
Ninguém acredita no mal que há em mim
Ninguém vai fugir comigo agora.
Mãe,
Ninguém passou a noite chorando ao meu lado
Ninguém me quer nesta história
Ninguém vai até o fim do dia... da linha... da página... o livro.
Ninguém,
Ninguém,
Ninguém,
Ninguém,
Ninguém,
Ninguém,
Ninguém,
Ninguém é totalmente puro.
Mãe...
20/11/2002 ( Cem dias antes de morrer – O diário de um suicida)