PRECISO IR
Há muito tempo eu venho tentando emprestar algum sol a essa noite sem fim...
Venho sonhando com a possibilidade de que meus pesadelos já tenham terminado.
Há muito tempo eu venho despejando amor e perdão num poço sem fundo, que cospe indiferenças em minha alma...
Tentando achar razões que me expliquem os frutos que se opõem a todas as sementes que lancei.
Há muito tempo eu venho doando oceanos de sinceridade e nadando num deserto desleal...
Convicto de que talvez tudo quanto eu veja seja mais do que eu olho.
E agora vejo que foi tudo vão...
As canções, os poemas, as frases e promessas.
Foi vão o sopro forte que afastou as tempestades e o braço amigo que jamais desamparou.
Foi vão o caminho longo percorrido, as guerras travadas com heroísmo e as lágrimas silenciosas da madrugada.
Até a construção desse imenso castelo de felicidade, pelo qual meu sangue e meu suor foram sacrificados - hoje se revela miragem da ilusão que já não me engana mais.
E se eu sou assim: menor do que o lixo, pior do que um cão e inferior ao próprio lodo que me agride - então tudo que me resta se resume num só ato...
Dizer adeus a mim mesmo!