PRECISO IR

Há muito tempo eu venho tentando emprestar algum sol a essa noite sem fim...

Venho sonhando com a possibilidade de que meus pesadelos já tenham terminado.

Há muito tempo eu venho despejando amor e perdão num poço sem fundo, que cospe indiferenças em minha alma...

Tentando achar razões que me expliquem os frutos que se opõem a todas as sementes que lancei.

Há muito tempo eu venho doando oceanos de sinceridade e nadando num deserto desleal...

Convicto de que talvez tudo quanto eu veja seja mais do que eu olho.

E agora vejo que foi tudo vão...

As canções, os poemas, as frases e promessas.

Foi vão o sopro forte que afastou as tempestades e o braço amigo que jamais desamparou.

Foi vão o caminho longo percorrido, as guerras travadas com heroísmo e as lágrimas silenciosas da madrugada.

Até a construção desse imenso castelo de felicidade, pelo qual meu sangue e meu suor foram sacrificados - hoje se revela miragem da ilusão que já não me engana mais.

E se eu sou assim: menor do que o lixo, pior do que um cão e inferior ao próprio lodo que me agride - então tudo que me resta se resume num só ato...

Dizer adeus a mim mesmo!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 10/06/2012
Reeditado em 10/06/2012
Código do texto: T3716318
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