NA FILA PELA VIDA

Vá à fila dos hospitais...

Veja belos rostos desfigurados.

Constantes na busca por alguém que se compadeça

E os dê o direito previsto na lei.

Na fria lei, que finge não ver,

O descaso legal, legitimado pela omissão de quem paga para mostrar uma outra realidade na televisão.

Vá à fila dos hospitais

Veja os que esperam com olhares vazios

A procura de uma palavra, um toque, um gesto de humanidade.

Algo que alivie a dor que dilacera o corpo,

E o abandono, que mata a alma...

Transformando gente em instinto...

Vá à fila dos hospitais...

E veja a morte escolher numa triagem macabra

Quem é que fica e quem vai com ela.

Enquanto as moedas continuam comprando o direito

Em reuniões escuras de gente engravatada que ri de uma graça qualquer...

Comemorando a vida, além da fila... Do hospital.