Hoje percebo com espanto
O tanto que me perdi de mim
Ouvi de outros lábios confissões
Que outrora perteceram - me.

E vislumbrei nos olhos alheios
O brilho intenso da paixão
O quanto amarga estou
Tudo em mim desbotou.

Não há mais esse colorido
Tudo está em tom cinza
Nada é quente
Vivo no limiar entre
Ausência e descrença.

Que fiz de mim?
Onde enfim me perdi?

No lugar da jovem
Apaixonada e arrebatada
Agora sobrevive uma mulher
Amargurada e entediada.

Minha casa que tivera
Paredes de cores tão vivas
Hoje estão desbotadas.

E o meu coração
Que pulsava tanto amor
Verte dor e ressentimento.
 
A música
Que embalava meus sonhos
Ternos e preciosos
Não toca mais.

Eu não amo
Somente sinto
O conforto da acomodação!
 
Não, eu não me reconheço
Diante o espelho
E sei que há tempos
Venho matando o meu melhor.

Sim, eu padeço
Hoje vi nas cenas
Da vida que não é minha

O tanto que minha passagem
Por aqui
Se tornou nada.

Então logo eu
Que sempre quis ser
Mais que figurante
Sou só mais um
Na imensa multidão!






 

Fabiana Ferreira Lopes
Enviado por Fabiana Ferreira Lopes em 05/06/2012
Código do texto: T3707197
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