Lamento Deus...
mas hoje
preciso confessar
que serei homicida,
matarei minha história
nessa cama de lençóis
de seda
matarei meu amor
usurparei da alma
alheia
num engano nu
serei escória
Matarei cada lembrança
doce
em beijos molhados
num um corpo suado
num engano completo
eu ajoelho e rezo
para não morrer junto
com minha ilusão...
lamento Deus
banharei de lodo minha
alma
na hidromassagem e de
jeito vulgar
Darei o meu corpo
Sem pensar na minha alma
cheia de espinhos
Vingança! Será?
Mas comerei quente
numa boca dente à
dente
língua a língua
faminta e insanamente
E depois de matá-lo
com crueldade
e requinte de malícia
Vou vestir meu corpo
Desse dolo premeditado
E olhar estendido para
o passado
passado a limpo
na sujeira que nos iguala
E no desejo que me
talha
em pedaços, secos
restolhos.
Cristhina Rangel