Resíduos

Lamento Deus...

 mas hoje
preciso confessar 

que serei homicida, 

matarei minha história

nessa cama de lençóis
de seda 

matarei meu amor 

usurparei da alma
alheia 

num engano nu 

serei escória 

 

 

Matarei cada lembrança
doce 

em beijos molhados 

num um corpo suado 

num engano completo 

eu ajoelho e rezo 

para não morrer junto 

com minha ilusão... 

 

lamento Deus 

banharei de lodo minha
alma

na hidromassagem e de
jeito vulgar 

Darei o meu corpo 

Sem pensar na minha alma 

cheia de espinhos

 

Vingança! Será? 

Mas comerei quente 

numa boca dente à
dente 

língua a língua 

faminta e insanamente 

 

E depois de matá-lo
com crueldade 

e requinte de malícia 

Vou vestir meu corpo 

Desse dolo premeditado 

E olhar estendido para
o passado 

passado a limpo 

na sujeira que nos iguala 

E no desejo que me
talha

em pedaços, secos
restolhos. 

 

 

 

Cristhina Rangel  

 
 
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Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 02/06/2012
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