A FLOR QUE EU NAO QUERO

Esta chuva fina machuca meus ossos

Como milhares de agulhas em mim

Esta estrada longa roubou meu animo

Suas curvas feias, seus intermináveis buracos.

Toda esta imperfeição

Não vejo um fim para a sina em meu caminho

Não lembro mais dos objetivos que tive

Se é que um dia eu os tive...

Arrasto soturnamente minha alma comigo

Todas aquelas pequenas dores que unidas formam a grande chaga do meu viver

A penitencia que encobre meu ser

Devia pedir perdão ao grande Deus cristão?

Devo zombar dos dogmas das igrejas?

Prefiro apenas seguir

Superar os pântanos

Atravessar os vales e escalar as montanhas

Visões tão tristes de aldeias desimportantes me assaltam

Desconhecidos infelizes

Ou felizes ignorantes

Já não os distingo

A qual deles pertenço eu?

Pouco importa...

Posso bradar aos ventos do mundo um dia inteiro

Posso chorar nos oceanos da Terra

Tanto faz...

Como um único homem pode mudar o mundo?

Tão fácil o mundo mudar um homem...

É melancólica e sem beleza minha poesia

Meus versos... meus bonitos versos eu creio já os gastei todos

Agora só tenho lamentos e dores

Agora sou nômade das letras

Agricultor de incertezas

Eu fomento duvidas

Eu semeio minhas dores

Não conheço mais rosas

Vejo apenas uma única flor

Esta que floresce nos corações destroçados dos homens desesperançados

Esta que viceja em meio à matéria lúgubres do ser existencial

Esta que não morre apenas adormece

Esta a quem chamo... tristeza.