.x.|. OrQuíDeA e a PouCa PaZ dO aMoR .|.x.
E nos detalhes
[Nos entalhes naturais]
Daquela flor
Me vi perdida...
E vi a vida
Nos dedos poderosos
D'um tecelão irado...
E vi minha vida
Ainda que VIDA, de fato, me falte...
E aquele caule,
Erguido e a envergar-se,
É como a alma a entregar-se
Pela pura vontade de já não ser...
E me vejo pálida, tão branca quanto
Aquela orquídea no canto.
Que encanta
Ainda que exale
Tal tristeza d'um cristalino confinamento...
E me vejo cálida, mordendo os lábios,
Lânguida e ávida...
Como a orquídea pálida
Por estar sequiosa de amor...
Me sei ardida, aturdida, perdida
Em paixão e intenso langor...
Então, cai a chuva pesada
E lembra: há bem mais
Que a paixão fugaz a sentir...
Pois grita esta chuva violenta
Que a prova mais cruenta
Acerca do amor a fluir
É nunca [jamais] ter a paz.