Descaso
Como descrever esse sentir que me aniquila
Entre a esperança de um olhar que resplandece
E a espera enfadonha do não chegar
Sombrios devaneios alterados aos momentos
Descritor de abandonos, sorrisos pálidos,
furtando todas as intenções de agradar;
mas o desvaler é pungente em noite vã,
e o sentir do poeta abandonado é ríspido.
Tantas lutas travadas em foices cegas
Decepando o brilho carregado n’um olhar calado
Que vê ao certo os valores desperdiçados
E chora trancado em seus próprios tormentos
Descritos entristecidos, sorriso morto,
cálidos prazeres de um porvir em descaso;
premeditado em sonhos proféticos,
ou em revelações astrológicas feitas pelos guardiões.
Relevo e tolero as desfeitas, pois o amanhã nem se foi,
hoje atracado à baixeza de um rancor indolente;
mas amanhã serei eu mesmo novamente,
seguindo os passos dessa senda vertiginosa.
E os estrondos das palavras ditas, serão os ecos do alheio,
serão lagrimas enegrecidas em aura amargurada;
mas as lições sempre corrigem a ira incerta,
e o saber solitário respinga gotas de amargura em versos.