Para onde ir?
Minha mente flutuando na escuridão: dor perdida em meio ao nada de uma existência massacrada.
No peito uma faca totalmente cravada: espirra sangue, espirra sangue por todo o quarto.
Nuvens obsecadas pela dor, jorram lágrimas sem parar, sobre minha cabeça.
Para onde ir, se não há lugar para onde a morte não pode estar?
Meu corpo corroido pelos vermes da enfermidade.
Minha juventude se escorrendo pelos dedos cheios de calo.
E eu já nem sei o que digo ou falo: estou mergulhado na escuridão até o talo.
Mas, para onde ir, para onde ir, se não há lugar a onde a morte não pode estar?
Minha pele derretida na carne seca e murcha.
Minhas feridas se espalhando por todas as extremidades de meu corpo e de meu coração.
Minha alma sozinha e perdida na escuridão de uma existência sem vida.
E eu quero partir para longe desse sofrimento, mas para onde ir, se para onde eu vou a morte sempre poderá lá estar?
Lágrimas molhando meu sujo travesseiro.
Minha vida de mim se despedindo como vento.
Tento me levantar e correr: eu tento insistentemente sobreviver.
Mas, o que fazer, meu irmão, se a onde eu vou, a ameaça da morte parece surgir, me deixando sempre na escuridão, a escuridão de um mundo medonho e sem coração?