VELHA DOENÇA

Velha doença de onde vens?

Colada a meus ossos fragmentários

Inundando minha boca com teu fedor de morte

Um odor impregnado nas roupas

Uma presença que segue meu olhar

Um ponto escuro no fundo abissal dos meus olhos

Um furtivo sentimento de tragédia

Você pode ver que não me alegro mais com o nascer do novo dia?

Percebeu meu mutismo diante da grande cidade?

Da grande e suja cidade...

Habitações sem alma...

Vidas sem por quês...

Você precede a razão nao é?

Velha doença que se deita comigo

Meu leito de enfermo que ninguém pode mudar

Uma forma ali comigo na cama

Derradeiro descanso que já me leva longe

Ah velha doença me deixa entende-la

Me fala teu nome?

Me explica teus motivos?

Preciso que tenhas motivos

Tens que ter algum sentido

Eu sigo andrajoso com você

Eu serpenteio com você

Ate mesmo rastejo...

Sim eu rastejo!

Velha doença sinto que não vais partir

Não podes partir

Não queres partir

Tens aqui solo fértil

Tens aqui sangue fresco

Alimento para a prole horrenda que geras

Para teus monstros

Sim... posso ver que ficas

Posso entender que ficas

Estas comigo

Estas nesta casa

Neste bairro

Neste país

Neste mundo

Vive o homem sobre a Terra

Vive você com a humanidade

Teimosa, terrível...

Eterna.