Minha procura



 
Rondo, noite e dia, a tua casa e a tua luz não se acende nunca.
Eu, do lado de fora, angustiado, sofrendo as  lambadas do vento sul.
E ,  de propósito,  não apareces  na sacada.
Se  não queres  me ouvir, não posso  oferecer-te   minha rede,
para,  ao teu lado,  entoar meus cantos e tocar  minha flauta,
minha doce amiga.  Mas sem vê-la e ouvi-la,
as flores que plantei estão murchando e as estrelas da noite
não piscam mais de alegria. Morro de desejos que se atrofiam
em  meu corpo, sem um canal para desaguar no mar da tua vida.
Tuas frequentes  ausências são  como lâminas cortantes  esfaqueando
o  meu coração já abalado,  que ora acelera, ora bate tão devagar,
que  sinto desmaiar.     Por que se arrasta e jamais chega
o dia do nosso encontro?   Ainda atravesso o meu deserto, tesouro meu!  
E  quando te  peço que apareças, minha alma empalidece
 com medo que me recebas.