Dias singulares
Tempo que se esvai na correnteza de um rio,
tempo que carrega memórias e palavras,
tempo que apaga o desenho de seu rosto na janela,
tempo que cura feridas e mantém tristezas acesas,
tempo que nos faz sentir as cicatrizes da jornada,
tempo que afasta a essência das poesias,
tempo que traz o esquecimento da mediocridade,
tempo que desfaz os castelos construídos na areia,
tempo que aprisiona os sentidos em uma garrafa de vidro,
tempo que arranca o valor de raiz e sepulta o fruto,
tempo de ladainhas cantadas em semanas de luto,
tempo de perdas quando a partida é infinita,
nunca mais ter você para confidências na madrugada,
nunca mais ter você para lanches no escuro da cozinha,
nunca mais ter você para comentar as dores da vida,
nunca mais ter você para comemorar os ganhos do jogo,
nunca mais ter você para contar o roteiro da viagem,
nunca mais ter você para brindar a lua cheia,
nunca mais ter você para abraçar no meu carinho,
nunca mais ter você para compartilhar escritos,
nunca mais ter você para chorar a dor sentida,
nunca mais ter você para rir das comédias tolas,
cada dia singular no qual você esteve presente,
cada dia singular o qual você iluminou,
cada dia singular em que você me fez acreditar,
cada dia singular em que perfumaste o ambiente,
cada dia singular em que me presenteaste com sua amizade,
eu fiquei aqui olhando as estrelas te esperando,
eu fiquei aqui escrevendo cartas que você nunca lerá,
eu fiquei aqui na inconsistência desse tempo de perdas,
eu fiquei aqui chorando sua ausência...